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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Aldeia Global, porque não?



Estive nos últimos dias num local isolado de tudo, a 1 km de um vilarejo com cerca de 800 habitantes onde, em duas idas até lá, me deparei com as tradicionais cadeiras na frente das portas das casas, como que estivessem colocadas ali a anos para as conversas intermináveis das comadres e amigos.

Já tive experiências semelhante em outro local, mas a muito tempo atrás, 40 anos, quando TV era artigo restrito a poucos e quando tinham acesso, faziam através das janelas entreabertas das casas dos "barões" do vilarejo ou de veranistas ocasionais.

Desta vez o que me chamou atenção era a pouca audiência das cadeiras, muitas delas abandonadas sem qualquer ser vivo por perto, além de cachorros e crianças brincando na rua, elas não tinham mais de 5 anos, como se estivessem na sala ou playground de nossas casas, sem qualquer adulto ou câmeras vigiando.

Talvez este abandono das cadeiras se justifica pelo horário que passamos por lá, era no horário das telenovelas e telejornais.

Mas outra curiosidade que me chamou muito atenção, foi ver alguns adolescentes isolados individualmente, sem companhia, sem compartilhar, sentados no chão, meio fio, calçada, como qualquer adolescente dos grandes centros urbanos, equipados com smartphone (pelo brilho da tela não da para confundir) com a tradicional cabeça baixa de zumbi digital.

Certamente, apesar de estarem fisicamente num povoado desprovido de qualquer outra alternativa de entretenimento típica da idade, estavam vivendo uma realidade muito longe dali, através das redes sociais e WhatsApp. Consumindo conhecimento! O mais curioso é  que o sinal por lá é muito ruim, mas deve ser libertador para eles!
- Como assim, num lugar como esse?

- Isso mesmo... Se liga! Eles estão criando o contexto das próximas transformações...
Para alguns este local pode parecer um paraíso, longe das loucuras de cidades como Rio e São Paulo, talvez até seja para passar uns dias, para desintoxicação urbana, experimentar e conhecer.

É preciso estar muito preparado para o desapego para se isolar no "paraíso" como esse! Algo que só os nativos estão preparados por falta de opção ou não conhecer outro mundo.

Mas me parece está longe disso, a falta de infraestrutura básica e de saúde é explícita e talvez seja o preço que eles estão pagando para manter este isolamento paradisíaco.

Duvido muito que este paraíso continue sendo preservado e resista a exploração imobiliária e de turismo, que são predadores impiedosos dos paraísos.

O mundo digital já chegou por lá com seus vícios e suas facilidades!

Nosso cozinheiro (nativo do vilarejo) nos consultava do que desejávamos, quando não sabia, acessava a internet e estava lá nos servindo, como nos revelou. Peguei ele algumas vezes tirando fotos dos pratos e da mesa servida antes que ocupássemos nossos lugares, como qualquer outro ser digital.

Outra curiosidade foi saber que, apesar de ser um população de 800 pessoas, o poder econômico de poucos, explora os empreendedores individuais com a mesma agressividade devastadora das localidades de grandes economias, os pequenos empreendedores informais são covardemente explorados num efeito cascata dos grandes e formais.

Uma coisa é certa, a transformação digital está acontecendo como uma contaminação de vírus.

Guardadas as proporções, a "Uberização" das atividades econômicas existentes em paraísos como estes será libertador para os nativos da exploração que são "obrigados" à sujeitar.
Fico imaginando como estão sendo nas tribos indígenas que ainda resistem...Devem estar seguindo o mesmo caminho e expandido suas fronteiras do mundo físico para o mundo digital!

Nossos vilarejos e tribos nunca mais serão as mesmos, estão em transformação numa única Aldeia Global como definida pelo canadense Herbert Marshall McLuhan.

Apesar de apenas duas visitas rápidas ao vilarejos, foram repletas de aprendizagem e insights.

IDFM

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