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terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Será que dá para inovar esquecendo a tradição?

Este final de ano, como em todos os anos, fui atrás de um queijo do reino, que sempre foi transição nas ceias de final de ano quando morava aqui no Recife.

Minha memória gustativa me fazia lembrar de duas marcas (Borboleta e Jong), que eram as mais tradicionais e que eu tinha na minha memória como sendo as mais deliciosas.... 

Lembro-me de nos reunirmos, na casa dos meus pais, nos dias seguintes das ceias para beber e tendo como base de tira-gosto uma bola de queijo, que era devorado enquanto acabávamos cerveja que era bebida que consumia na época. O dia seguinte era um momento de confraternização fantástico!

Lembro-me que para consumir um queijo do reino, existiam  um "certo" ritual.

Na compra, como um expert, se pegava a bola de lata, balançava como que estivesse vendo a consistência, como se fosse uma fruta que estaria no ponto de ser consumida.

Na preparação para o consumo, era outro momento mágico, para descobri se aquilo que imaginou na compra correspondia a realidade.

Na primeira perfurada da lata com o abridor, escutávamos um chiado do gás represado vazando, acredito que este gás era produzido como resultado da maturação do queijo. O aroma deste gás já alimentava nosso imaginário, já nos deixava com água na boca para saborear aquele alimento dos Reis!

Depois de aberto, a bola de queijo toda envolta de uma "gosma melequenta", de óleo, Mantega, graxa, sei lá o que era aquilo...sei que dava trabalho deixar limpa e pronta para ser deliciada...

Para minha surpresa e decepção o queijo que comprei (Jong), apesar de seguir o ritual que conhecia, não me trouxe realização, nem me resgatou a  memória gustativa que tinha...

Ao furar a lata, a primeira perfuração não produziu o tradicional chiado, nem exalou qualquer aroma, depois, após abrir toda a lata, lá estava a bola de queijo embalada a vácuo, limpinha, sem nada para limpar, pronta para ser servido...

Olhando por esse lado, seria digno para um uau, quanta inovação ao longo do tempo deste tradicional queijo.

Mas pra mim foi lamentável, o queijo não resgatou nenhuma experiência de momento ou sabor marcante daquelas épocas do passado, continuei com meu "saudosismo alimentar".  Até parece que o ritual fazia parte do sabor!

Mas isso não acontece apenas com o que escolhi, perguntando por aí, os testemunhos foram que todos os queijos do reino (lata) atualmente estão sendo embalados desta maneira.

Mudaram o Produto ou estou enganado?

Por isso que tenho experimentado tudo que é tipo de queijo do reino e nunca encontro um que tenha o sabor dos de antigamente, pior, todos têm o mesmo sabor de nada, não tem diferença.

Mas eu imaginava que eram queijos "diferente" porque não passavam pelo mesmo processo de maturação dentro da lata e isso seria o diferencial.

Será que é por isso que os queijos do reino, embalados a vácuo, não tem os mesmo sabor que tinham antigamente?

Os fabricantes certamente ganharam com esta inovação, imagino que passaram a ter os produtos com data de validade ampliada (perda menor), tiveram uma boa redução de custo, eliminando a "gosma melequenta". 

Mas porque ainda manter a lata? Desconfio que seja apenas uma "enganação" para ter um produto com a imagem Tradicional e cobrar mais caro.

Para nós cliente, consumidores, só perdemos...perdemos nossa memória gustativa que conseguia nos levar para os momentos felizes pelo paladar!

Não me supreenderá, daqui mais uns anos, o lançamento de outros queijo, como apelo de ser o verdadeiro queijo do reino como sabor da época dos seu antepassado.

Imagino o apelo publicitário que será usado: "Queijo vintage" ou "Queijo Retrô".

🤔 Será que dá para inovar esquecendo a tradição?




IDFM

Um comentário:

AlexSol disse...

A Diferença de sabor da Coca-Cola de hoje com a de 50 anos atrás também é gritante!

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